Graciliano Ramos, um dos maiores talentos do ciclo regionalista (se não o maior), foi um dos mais importantes escritores do moderno romance brasileiro. Ele nasceu em Quebrângulo (no interior de Alagoas), em 27 de outubro de 1892. Destacamos hoje, data de seu 125° aniversário, 2 obras imortais:
Em 1936, morando em Maceió, foi preso sob a acusação de ser subversivo, pela ditadura Vargas, sofrendo horrendas humilhações – experiências reveladas em sua obra ‘inacabada’ “Memórias do Cárcere, controversa por que alguns atribuem muitas mudanças em seu teor por parte da direção do Partido Comunista.
O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão.
‘Vidas Secas’, romance de sua autoria publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época.
Analisando os nomes que deu aos personagens da obra em questão (Sinhá Vitória, sua mulher, a cachorra Baleia, o filho mais novo e o mais velho), constatamos que ele, de forma irreverente e irônica, denunciou todo o contexto natural e social ao mesmo tempo.
Já o fime ‘Vidas Secas’ de 1963, foi dirigido pelo mestre das descoberta brasílicas, Nelson Pereira dos Santos para a Herbert Richers. As filmagens foram feitas no sertão de Alagoas. A película foi o único filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais de uma cinemateca.
Quem quiser ver da poltrona de casa, é só clicar aqui.
Uma sinopse sem meios-tons de ‘São Bernardo’, livro de 1934, nos informa:
Criado por uma negra doceira, Paulo Honório foi um menino órfão que guiava um cego e vendia cocadas durante a infância para conseguir algum dinheiro. Depois começou a trabalhar na duro na roça até os dezoito anos. Nessa época ele esfaqueia João Fagundes, um homem que se envolve com a mulher com quem Paulo Honório teve sua primeira relação sexual. Então é preso e durante esse período aprende a ler com o sapateiro Joaquim. A partir de então ele passa somente a pensar em juntar dinheiro.
Saindo da prisão, Paulo Honório pega emprestado com o agiota Pereira uma quantia em dinheiro e começa a negociar gado e todo tipo de coisas pelo sertão. Assim, ele enfrente toda sorte de injustiças, fome e sede, passando por tudo isso com muita frieza e utilizando de meios antiéticos, como ameaças de morte e roubo.
‘São Bernardo’ foi adaptado para o cinema por Leon Hirszman em 1972, ganhando 9 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Além disso, o livro teve também uma adaptação para TV por Lauro César Muniz (Rede Globo).
‘Memórias do Cárcere’, foi – por fim – publicado em 1953, somente oito meses depois da morte de Graciliano Ramos. Mas a conversa aí extrapola uma dica mais – digamos- incisiva como a nossa.
Texto e pesquisa de Marko Ajdaric.
http://www.facebook.com/marko.ajdaric.79
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