Dica Cultural: 4 poemas com espírito natalino

Postada em 15 de dezembro de 2017 as 11:55
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Pedimos ao jornalista e poeta Nilson Galvão, nascido em Caetité (BA), que nos enviasse poemas que tem a ver com o espírito Natalino.
 
Segundo ele mesmo…
 
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Nilson Galvão é jornalista, poeta e mestre em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia (UFBa). Nasceu em Caetité e cresceu em Brumado, cidades vizinhas no sudoeste baiano. Já publicou, pela coleção Cartas Bahianas da P55 Edições, dois outros volumes de poesia: “Caixa Preta” (2009) e “Ocidente” (2012).  Agora lança “o espiritismo segundo o google street view”, pela Mondrongo. Começou publicando seus poemas no blog Blag, migrando depois para o Facebook. Foi menção honrosa no Projeto de Arte e Cultura Banco Capital, em 2009, e participou, entre 2012 e 2014, do Sarau Prosa e Poesia, junto com as poetas Katia Borges e Mariana Paiva e o músico e poeta Fabio Haendel.
 
Seguem as dicas:
 
Uma tarde um Natal
 
Acho que era uma tarde
de dezembro como todas as
tardes costumam ser quando se
espera pelo fim, o fim de
dezembro e o novo, e o novo.
Acho que nos deixamos levar
por um excesso de ironia, talvez,
e não fomos às compras e muito
menos ficamos assim, sentimentais.
Era uma tarde dessas de
dezembro e zombamos
da vida como quem olha de dentro
dela, não de fora. E desse
ângulo pareceu evidente
que a tristeza era o artigo luxuoso
de todas a festas. E rimos disso
também: bobagem também.
E nos demos conta de que era Natal,
mas essa história toda
logo passaria.
 
(Do livro Caixa Preta, 2009, de Nilson Galvão)
 
Boas festas
 
Anoiteceu
O sino gemeu
A gente ficou
Feliz a rezar
 
Papai noel
Vê se você
Tem a felicidade
Pra você me dar
Eu pensei que todo mundo fosse filho de papai noel
Bem assim felicidade
Eu pensei que fosse uma brincadeira de papel
 
Já faz tempo que eu pedi mas meu papai noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então
Felicidade é brinquedo
Que não tem
 
(Assis Valente)
 
Cris 
 
Em abril de 1996 a imprensa internacional noticiou a morte aos 75 anos de idade de Christopher Robin Milne, eternizado no livro de seu pai, A. A. Milne, O Ursinho Puff, como Cris.
 
Eu, o Ursinho Puff, preciso de repente pensar em coisas muito difíceis pra minha pequena cabecinha. Nunca me importei com o que está lá fora do nosso jardim, onde morávamos eu, o porquinho Leitão, o coelho Abel e o burrinho Bisonho com nosso amigo Cris. Quer dizer, nós ainda moramos aqui e nada mudou e agorinha mesmo comi um pote de mel – o Cris só foi ali e já volta.
 
A Coruja diz que lá fora do nosso jardim começa o Tempo, e isso é um poço assim fundo pra caramba, e quando uma pessoa cai nele vai sumindo e sumindo lá pra baixo, até que ninguém sabe o que acontece com ela depois. Fiquei um pouco preocupado com o Cris, se não tinha caído lá dentro, mas ele voltou e aí eu perguntei sobre o tal poço. “Puff – ele disse – eu estava dentro dele e fui caindo, e caindo eu ia mudando, minhas pernas foram ficando compridas, fiquei grande, usava umas calças que iam até o chão e me cresceu barba, depois meus cabelos foram ficando brancos, fui me curvando, andei de bengala e aí eu morri. Com certeza foi tudo só um sonho, porque não parecia bem de verdade. De verdade pra mim sempre foi só você, Puff, e as nossas brincadeiras. Agora já não saio daqui pra lugar nenhum, mesmo se me chamarem pro lanche.”
 
[Czeslaw Milosz. Não mais. Tradução de Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2003. p. 109-111]
 
 
Se eu fosse um padre
 
Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
– muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
 
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições…
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
 
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
 
Porque a poesia purifica a alma
a um belo poema – ainda que de Deus se aparte –
um belo poema sempre leva a Deus!
 
(Mario Quintana)
 

Texto e pesquisa de Marko Ajdaric.
http://www.facebook.com/marko.ajdaric.79

Material exclusivo do Sindicato dos Médicos da Bahia. Não se autorizam cópias, no todo ou em parte.



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