Dica Cultural: adeus Carlos Heitor Cony

Postada em 12 de janeiro de 2018 as 12:26
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O escritor e jornalista Carlos Heitor Cony morreu na noite de sexta-feira, dia 5, aos 91 anos, Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ele recebeu diversas honrarias. Conquistou o Prêmio Jabuti em 1996 pelo romance “Quase Memória”. Voltou a vencer o prêmio no ano seguinte, por “A Casa do Poeta Trágico”, e em 2000, por “Romance sem Palavras”. Também recebeu o Prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra em 1996. Em 1998, recebeu do governo francês a Ordre des Arts et des Lettres. Já como jornalista, iniciou a carreira em 1952, no “Jornal do Brasil” e passou por outras publicações importantes, como “Correio da Manhã” e “Manchete”. Atualmente Cony era colunista da “Folha de São Paulo” e comentarista da rádio CBN.

Cony escreveu diversos romances como “O ventre” (1958) e “Quase memória” (1995). Também foi autor de livros de crônicas, contos e novelas. Em 2000, Cony foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Entre 1955 e 1972, publicou nove romances em sequência.

Durante a ditadura, como jornalista, escreveu contra o autoritarismo, foi perseguido pelo regime. Ainda durante a ditadura, Cony foi preso seis vezes e também enquadrado na Lei de Segurança Nacional, mas não se furtou a criticar posições de esquerda, e por isso foi acusado de alienado. Em seus romances, expressou com uma linguagem seca e por vezes sarcástica suas dúvidas e desencantos sobre a sociedade brasileira e a condição humana. 

Segue, como acepipe, uma crônica sua de 2006:

Parábola do papagaio
Não sei se é piada já em forma de piada mesmo, ou se limita à citação de uma crônica de Humberto de Campos, na minha opinião, ainda o maior cronista da literatura brasileira.

Um sujeito queria comprar um papagaio, entre outras coisas, para ensinar-lhe a dizer todos os dias: “Deus seja louvado!”, frase machadiana que durante algum tempo figurava nas cédulas do dinheiro em circulação. Um vendedor de papagaios ofereceu-lhe um espécime raro, belo e brilhante em sua plumagem verde e amarela, com alguns toques de azul, uma síntese animal das cores da nossa bandeira, salve, salve.

O comprador perguntou:
– Ele fala?

O vendedor respondeu:
– Não. Mas ele pensa.

Lembro a anedota às avessas, quando vejo e ouço certos governantes e políticos, o mais notório deles sendo o próprio presidente da República, que é uma mistura de político e governante.

Ao contrário do papagaio da anedota, eles falam, falam muito, falam demais, a qualquer hora e por qualquer motivo. Bem ou mal não importa para eles. O que importa é falar.

E ainda ao contrário do papagaio citado aí em cima, não pensam. Ou pior, só pensam naquilo. Como o Juquinha de outra anedota, que só pensava em sacanagem e coisas afins.

A nossa classe política, com as exceções de praxe e circunstância, que felizmente são muitas, está repleta de papagaios emplumados, patrióticos, alguns deles chegam a estar a venda. Falam, falam, mas não pensam no compromisso que assumiram nas campanhas eleitorais, quando juraram trabalho, honestidade e dedicação à causa do povo que os elegeu.

Texto e pesquisa de Marko Ajdaric.
http://www.facebook.com/marko.ajdaric.79

Material exclusivo do Sindicato dos Médicos da Bahia. Não se autorizam cópias, no todo ou em parte.

 


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