DICA CULTURAL: NÃO DEIXE CALAR ESTA VOZES

Postada em 11 de março de 2016 as 11:09
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Numa semana conturbada, tivemos o atropelo de duas lindas notícias para a medicina, que quase espaço nenhum tiveram na pauta dos jornalões. E a minha temática da semana, o 8 de Março, mudou de repente. Apenas, além de reproduzir acima a charge que fiz, lembro que Berta Lutz era filha de Adolfo Lutz, pai da medicina tropical brasileira. A briosa família, acreditem, teve tempo de protagonizar uma notícia muito tocante esta semana. Confiram.

 

Bem, escrever sobre a editora Vozes é algo que assumo fazer com muita tristeza, perante a trágica e nada natural morte de frei Antonio Moser, assim notificada pelos seus confrades franciscanos.

Em um país em que se mata um homem que lavrou 27 livros por motivo torpe, é difícil aquilatar o quanto as pessoas sentem, em meio a tantas mortes vilipendiadas pela vil vilã TV da tarde, o falecimento do homem que conduzia, junto com outro religioso, um dos esteios da inteligência nacional em termos de editora.

Para quem podia fazer suas escolhas de leitura em brumas passadas, ao lado de Paz & Terra, Civilização Brasileira e outras, a editora Vozes assombrava pela sua capacidade de nos falar de artistas que começaram o cartium no Brasil com Luiz Sá, J. Carlos e, nessa esteira (que luxo!), o cerebral baiano Muniz Sodré e outros cabeças falando sobre comicidade. Nela, a gente lia sobre atuação de religiosos combonianos, economia, cinema, Hegel e, como diria Glauber, o escambau.

Mas, alto lá, um escambau maravilhoso, naquilo que hoje é sumamente difícil de se ver em bancas: o cuidado editorial. Talvez só a Brasileiros (sempre) e a Le Monde (quase sempre) possam se orgulhar hoje de juntar temas dispersos com um bom senso parelho.
 

Foi na Revista de Cultura Vozes que descobri dois de meus absolutos referentes: o melhor escritor que já li, Miguel Angel Asturias (se você não leu 'O Papa Verde', faça isso ontem), e Moacy Cirne, que vacinou quem quisesse e pudesse ser vacinado na época contra a praga dos super-heróis.

 
É deliciosíssimo reler as páginas do mestre Cirne (acima, homenageado em meu último livro) que driblavam a larga os censores da época, um pouco como Capinam fazia com a música 'Gotham City'. Pros censores da época, era impossível ver que quadrinhos eram e são um meio de expressão (bom ou ruim) sobre qualquer tema. Vale a pena cada centavo investido num sebo, qualquer exemplar da revista, até meado dos anos 1980.

Mas em uma semana marcada pelo 8 de março, vale, e muito, lembrar que Rose Marie Muraro, no meu modesto entendimento, junto com Heleieth Saffioti, as mais destacadas pensadoras a favor do feminismo no Brasil (no que se elogia o empenho gigantesco intelectual, independente das posições, bem entendido) foi editora (ou publisher, como queiram) da Vozes, tendo lá assinado as fichas de não menos que… 1600 obras!

Para quem tiver apego ao tema, ficaram indicadas as minhas autoras brasileiras de proa.


Não vou me arvorar a sugerir @s médic@s obras cujos autores nas suas áreas, vocês podem aquilatar melhor que eu. Mas recomendo, do que há em catálogo:

'O Príncipe', de Maquiavel (bolso), por 10 reais
'História da Igreja no Brasil' – Vol. I, de Eduardo Hoornaert (já mencionado em nossa coluna por ter virado morador de Lauro de Freitas e ser um grande pensador), et alii
'O Monopólio da Fala', do já citado Muniz Sodré
'Uma Breve História da Europa', dentre as obras de Jacques le Goff
'Os Nàgô e a Morte', obrigatória leitura sobre o tema de Juana Elbein dos Santos

Aproveitem o fim de semana e descubram outras preciosidades, clicando aqui.

Pra semana, falo da exposição da colega de vocês, Jane Vasconcelos, e de uma grande surpresa que estamos preparando, que começa com outro furacão cultural: Ronaldo Jacobina.

*Texto e pesquisa de Marko Ajdaric.


ICQ  694000225
skype: Marko Ajdaric 


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