O emergencista Everton dos Santos denunciou na sexta-feira (18/03) ao Sindimed seu afastamento, por 60 dias, para responder processo administrativo disciplinar aberto pela direção do Hospital Pedro Américo de Brito, em Amélia Rodrigues (a 80 km de Salvador). A decisão é interpretada como uma retaliação à insatisfação do funcionário quanto ao precário estado físico da unidade de saúde bem como a sobrecarga de atribuições imposta aos médicos. 

 

Ao classificar a medida como uma "prática absurda", o presidente do Sindimed, Francisco Magalhães, lembra que o profissional no exercício da atividade tem obrigação de se valer do seu código de ética e denunciar as condições precárias de trabalho, zelando inclusive pela segurança dos pacientes. O Sindimed tomará medidas jurídicas contra essa injustiça ao tempo em que cobrará providências do Ministério Público da cidade, do Conselho Regional de Medicina e do prefeito de Amélia Rodrigues.

 

SOBRECARGA

 

Segundo o denunciante, que é concursado e ingressou há quatro meses na unidade, a direção obriga os emergencistas a fazer, por exemplo, trabalho ambulatorial (geralmente de altíssima demanda), realizar partos e passar enfermagem (evoluir pacientes internados). Segundo ele, essa sobrecarga reflete a carência de pessoal especializado num hospital onde não há triagem 24 horas (conforme classificação de risco preceituada pelo Ministério da Saúde). Salientou ainda que o Hospital Pedro Américo de Brito só dispõe de um plantonista "para fazer tudo, quando a lei determina que haja dois médicos". 

 

O Dr. Everton não é o único insatisfeito com as condições de trabalho e que reivinica melhorias naquele hospital. Ao saberem da suspensão, colegas de plantão se solidarizaram imediatamente. Foi ao final do seu plantão de 24 horas, às 7h, que ele foi oficialmente comunicado do afastamento. "Me disseram que a ordem veio do prefeito Antonio Carlos Paim Cardoso", destacou o médico.

Médico exibiu fotos da precariedade do hospital e da portaria de afastamento