Setembro Amarelo: campanha de prevenção ao suicídio precisa ser permanente

Postada em 30 de setembro de 2022 as 19:23
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O mês de setembro está chega ao fim, mas as ações de conscientização na prevenção ao suicídio continuam. Em entrevista para o Sindimed, o médico psiquiatra Vinicius Pedreira aborda a saúde mental dos brasileiros, sinaliza como identificar os indícios de depressão e fala sobre o suicídio na classe médica. Confira a seguir:

 

Sindimed: Um relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2017, apontava a população brasileira como a mais deprimida da América Latina. Você conhece esse estudo? Faz sentido, em sua opinião, esse quadro apontado?

Vinicius Pedreira: Sim. Os chamados países em desenvolvimento costumam apresentar maiores taxas de população que padecem de depressão por fatores externos que contribuem para uma piora do quadro, mas não são a causa direta. A depressão é uma doença séria que causa sofrimento significativo na funcionalidade do indivíduo. Baixa condição econômica, violência, estresse e sobrecarga são alguns elementos que podem influenciar numa vida saudável, principalmente a saúde mental. Na américa latina temos um predomínio maior de mulheres que os homens e também alto índice de suicídio na população indígena.

 

Sindimed: A pandemia gerou impactos na saúde mental no mundo inteiro. No Brasil, conforme levantamento do Conselho Federal de Farmácias, houve aumento de 17% no uso de antidepressivos, como possível consequência. Quando o uso de medicamento controlado é indicado e quais os riscos da utilização sem prescrição médica?

VP.: O médico será o profissional habilitado para o diagnóstico e tratamento com indicação precisa de uso de medicamento quando houver necessidade após avaliação minuciosa em uma consulta médica. A auto prescrição não é recomendada e perigosa, pois não há supervisão nem acompanhamento assim como sua suspensão caso já esteja em uso, também é recomendada a supervisão de um profissional médico.

 

Sindimed: Como identificar os indícios da depressão, diferenciando tristeza/desmotivação da doença? Depressão tem cura?

VP.: Primeiramente é importante que a pessoa compreenda os limites de sua normalidade. As emoções podem oscilar e ser comum do indivíduo em um dia estar triste outro alegre. As decepções, frustrações e até perdas fazem parte do cotidiano de qualquer ser humano assim como as alegrias e momentos bons. Ninguém vive 100% alegre, mas a partir do momento que causa uma disfunção, persistência e até prejuízo de suas atividades ou do auto cuidado é hora de buscar ajuda ou sinalizar ajuda para alguém que possa não estar percebendo o que está ocorrendo com ela. Buscar ajuda profissional é um grande passo para prevenção e até mesmo um bom desfecho de melhora. A Depressão em grande parte tem cura principalmente com diagnóstico precoce e acompanhamento regular, outras condições como depressão por Bipolaridade será tratamento para a vida toda, portanto um controle e não cura. O indivíduo bem tratado poderá não apresentar novos episódios ao longo de sua vida e ter boa qualidade de vida. 

 

Sindimed: Segundo pesquisa feita pela Universidade da Califórnia, que revisou as investigações sobre as mortes de 200 médicos que se suicidaram, entre 2003 e 2018, um em cada grupo de 15 médicos apresentava ideação suicida. Esse quantitativo estava relacionado, principalmente, com os desafios, cobranças e responsabilidades da profissão. Como nutrir uma relação equilibrada entre emprego e saúde mental?

VP.: A população de médicos chega a ter o dobro de risco que a população geral. Todos esses fatores de limites extremos como exaustão e cobranças levam a uma condição de muito sofrimento que requer cuidado e observar os limites e auto cuidado. Costuma-se dizer que o médico é mais difícil dos pacientes, cobram e cuidam tanto dos pacientes mas acabam se esquecendo de se cuidarem, que os próprios médicos são pacientes também. Que padecem da “Esmeraldite” (doença relacionada à classe, em alusão a esmeralda, símbolo da medicina) que tudo é mais difícil ou impossível de realizar que não há jeito.

 

Sindimed: Não apenas para os médicos, mas para outros profissionais cuja atuação envolve um nível considerável de estresse e responsabilidades, qual seria o caminho para o equilíbrio saudável entre emprego e saúde mental?

VP.: Impor e reconhecer seus limites de carga horária de trabalho, saber reconhecer o momento de dizer não ou diminuir atividades. Evitar muitas perdas de sono, compartimentalizar o tempo para lazer, descanso, momentos com a família ou fazer o que gosta aliado a uma dieta saudável sem exageros ou excessos de estimulantes como café, energéticos e realizar atividades físicas leves e periódicas tendem a trazer melhor qualidade de vida e também melhor recuperação e restauração da saúde mental além de garantir mais condições de uma vida emocional mais equilibrada, com senso crítico, gestão emocional e serenidade.

 

 



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