DICA CULTURAL: ADEUS AO "TIO" DO NOVO QUADRINHO NACIONAL

Postada em 20 de janeiro de 2017 as 09:18
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"Tem gente boa espalhada por esse Brasil, que vai fazer desse lugar um bom país", Milton Nascimento.
 
No tempo em que a gente acreditava em Milton, 14 Bis, Brant e outras mineirices, havia um jornal circulando nas mesas mais interessadas desse país: o Movimento, que tinha/teve em seu conselho editorial caras da estatura intelectual de Fernando Henrique Cardoso e de Audálio Dantas (que também contribuiu, já, com 2 livros sobre a nossa seara de hoje).

Entre eles, circualava a inteligência inquieta de um carinha que fez a safanagem de falecer anteontem, sem nos pedir vênia, sem avisar (ah, querida medicina, por essas, ainda não estamos prontos!): Toninho Mendes.

Sim, senhores, naqueles tempos, gente como ele, cuja imensa praia eram os cartuns e quadrinhos, era acolhida e ouvida, em conselhos que tais. Diferentemente de hoje, em que os veículos ditos amigos da 'imprensa sindical' cometem todo tipo de tropelias, chupam charges, não creditam, mostram que não fazem a menor ideia da diferença entre cartum, charge e ilustração editorial, e por aí vai. 

 
Nossa parte de dica (indicação) de nossa pauta de hoje começa saudando alguém que tem feito seu papel acima da média neste campo da chamada imprensa sindical: a TVT, que nos poucos segundos do obituário sobre Toninho foi bem naquilo que falta 'horrores' por aí; foco. Confira, e espalhe:

 

 

Pois bem, para quem lembra e para quem não lembra, a Circo Editorial, fundada e dirigida por ele, foi 'tudo' em nossa cena de quadrinhos, no início dos anos 1980, nacionalizando os caras que na USP faziam a revista Balão, dando vez às  melhores vanguardas adultas de HQs da época, e dando ânimo a outras publicações semelhantes, mudando o rumo do quadrinho brasieliro, cuja geração anterior era marcada pela Grafipar (olha, que safanagem, minha gente brasileira: a única editora brasileira de quadrinhos da história a ter enriquecido seu editor, o queridíssimo Franco de Rosa e seus artistas era de 'arte da safadeza').

 

Digo pra vocês, caros e caras leitor@s: aonde verem o selo da Circo, podem e devem comprar aos magotes o que ela publicou e projetou, em especial, 3 caras que marcaram a retomada do humor em quadrinhos, no Brasil, Laerte, Angeli e Glauco.   Muito especialmente, a compilação, desta nossa década, feita pelo próprio Toninho, destas experiências solo e misturadas (na capa acima).
 
Na minha vida, um filme maravilhoso de 16 minutos, sempre vai ficar marcado: 'Dossiê Rebordosa', em que Toninho aparece (ou aquilo é 'não aparece'). Eu tive a honra e (alegórica) glória de  ter sido o primeiro a exibir este filme fora do circuito de festivais, num curso de cinema de animação que ministrei no Rio Grande do Sul (não por acaso, outro mestre que falou a meus alunos, a distância, foi Daniel Messias, sobre… Los 3 Amigos, Glauco, Angeli e Laerte. Ganhem este presente memorável, assistam ao filme dirigido pelo Cesar Cabral e que ganhou TODOS os prêmios possíveis em seu ano de estreia:

 

 

O 'monstro' maior da cena brasileira de quadrinhos (depois da dupla Ângelo Agostini / Luiz Gama) é Álvaro de Moya (por vários motivos, que um dia hemos de contar). Entre outras coisas, ele deu ao país este livro (capa acima), de 1972, no qual um cara já admirado por todo o Brasil assestava oportuníssimos comentários e pensamentos sobre a Nona Arte: Jô Soares. Só eu e minha turma mais chegada sabemos o quanto a gente usou esse artigo, pouos anos depois, para abrir portas 'mais sérias' para a HQ. E é este cara que entrevista (confira AQUI) , o Toninho, já em outro momento de sua vida tão pródiga de frutos. Jô mantem o afinado pizzicatto ao falar dos Quadrinhos Sacanas (fruto de 18 anos de pesquisa) e muito mais do que era, então o veio pelo qual o Toninho trabalhava e ganhava seu dinehirim. Aliás, para o mês eu sigo esta, digamos, dica dele e de sua editora Peixe Grande…. fazer o que, falar de Luiz Gama ou de Gregòrio de Mattos na Bahia não enche panela, hoje em dia…

Tentei dar a palavra, a esse respeito, ao mineiro abaianado Geraldo Galindo, cujo livro 'Sacanagem É Coisa Séria' eu vi à venda a contados 7 dias em mais uma prova de que a Boa Terra já foi melhor: na Pérola Negra, melhor entreposto de venda de CDs da Bahia, que está fechando as portas, este mês. Galindo não me respondeu, não pude concluir a matéria prevista sobre a Pérola Negra, mas o papo pra semana é música, até por que todos os caminhos hoje levam aos… Aflitos (aguardem).

Texto e pesquisa de Marko Ajdaric.
 
Material exclusivo do Sindicato dos Médicos da Bahia. Não se autorizam cópias, no todo ou em parte. 


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