DICA CULTURAL: O "PAÍS DOS CARNAVAIS" DE JORGE AMADO, E DO CANDOMBLÉ

Postada em 27 de janeiro de 2017 as 09:04
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Hoje, vamos falar de 2 amigos de Jorge Amado, dada a proximidade com uma data que galvaniza e re-dinamiza (ou não) toda a cidade. A este respeito, louve-se a matéria que vai neste link que não só enumera o que não teremos no Carnaval de Salvador este ano. Lamentamos que logo este jornal não tenha tido a menor compostura e não tenha dado crédito a quem (ou quens) foi a campo fazer esta coleta com análise, fundamental para o entendimento da 'Crise do Carnaval' da Capital Baiana.

 

De nossa parte, ao longo do mês de janeiro, mostramos, neste painel externo na entrada da sede do Sindimed, em Salvador, fotos exemplares do Carnaval de Maragogipe e mais 8 cidades pelo mundo. 

Bem, uma biografia de Jorge Amado está prevista para 2017, da lavra de minha/nossa colega Josélia Aguiar (na FACOM/UFBA). Quem sabe, eu vá a entrevistar na Feira Literária Internacional de Poços de Caldas, este ano  [pelo tal de Facebook, ela me confirmou que vai] … Enquanto ela não sobrepuja a minha pautinha com o que anda coletando, tento sugerir a todos que leiam o primeiro livro de Jorge Amado, 'O País do Carnaval', que mostra bem como o Carnaval de então era tão diferente do nosso como o de Nice, na França é hoje (ou mais). 

O livro é de 1931, tempo em que rodas de samba e cultos do candomblé ainda eram dispersados pela  polícia a bala, como o próprio Jorge nos faria remissões em 'Jubiabá' e em 'Capitães de Areia'. O grande escritor itabunense contava, então, somente 18 anos.

Adaptamos o que diz a própria Fundação Casa de Jorge Amado: O livro foi considerado incendiário pelo Estado Novo e, junto a outros títulos de Jorge, foi incendiado em praça pública, em Salvador, em 1937. 'O País do Carnaval' conta a história de Paulo Rigger, um brasileiro que não se identifica com o país [e traz uma namorada europeia, uma prostituta, para melhor dialogar sobre isso]. É um relato sobre a formação e a situação dos intelectuais brasileiros nos momentos que antecedem a Revolução de 1930.

Mas o fio que nos interessa desenvolver mais está na sinopse da editora oficial atual, a Companhia das Letras (acima, com capa a cargo de Kiko Farkas)

'… De volta a Salvador, ele participa de um grupo de poetas fracassados e jornalistas corruptos que giram em torno do cético Pedro Ticiano, cronista veterano. Todos se sentem insatisfeitos e buscam um sentido para a existência: no amor, no dinheiro, na política, na vida burguesa ou na religião. Nesse romance de geração, as dúvidas e angústias dos personagens espelham a situação do país, que naquele momento passava pela Revolução de 30 e procurava redefinir seus rumos.'

Aí temos um caso interessante, nos lembra a acolhida que o Grupo Mapa deu a Glauber Rocha décadas depois, sem que os baianos tenham guardado em suas memórias estes artistas sonhadores do finalzinho dos anos de 1950. 

A sinopse da Companhia das Letras é uma boa chave para chegarmos ao grande referente inicial de Jorge, ainda mais esquecido em nossos dias. João Amado Pinheiro Viegas, mais conhecido como Pinheiro Viegas,  foi jornalista, poeta e o maior epigramista da Bahia. 

Nasceu na nossa Salvador em 1865 e a partir da década de 1920, quando cria a Academia dos Rebeldes, catalisa muitas mentes brilhantes de seu tempo. Sorte de Jorge, que tinha um grupo de rebeldes em seu caminho, sorte nossa, também!

No Jornal de Poesia, do fortalezense Soares Feitosa , que morou a 330 metros de nosso Sindimed e muito aportou à cena local da poesia, tiramos este poema de Pinheiro Viegas, chamado Medalhão Grego: 

Escuto Debussy. A noite. O luar. O oceano, 
 Recordo-o. Onde isso foi. Eu não o sei. Perdi-o. 
 Era o éfebo irreal – grego mármore humano 
 Olhei-o . Olhou-me. Riu. È um demônio. Eu rio. 
 
Belo mármore jônio impassível – engano! 
Os olhos verdes maus, a grenha  negra,  vi-o. 
As suas níveas mãos, nervosas, tinham frio 
Nas teclas de marfim e de ébano do piano. 

A boca – flor de sangue – em claros  risos  francos 
Mostra-me, alegre, os seus trinta e dois dentes brancos. 
O amor – interjeição – duas silabas métricas. 

Uma por uma eu vi todas as suas baldas. 
Seus verdes olhos maus são duas esmeraldas 
Sob o esplendor lunar das lâmpadas elétricas.

Quis o destino que meu entrevistado de hoje, na dica cultural com áudio, o jornalista Biaggio Talento, também me falasse da amizade de Edison Carneiro (tema do depoimento que ele me deu) com Jorge Amado. 

Segue o link que ele mencionou,  em off, para quem quiser começar a entender a grandeza de Edison Carneiro para a cultura baiana e nacional. 

Quem quiser ouvir o que Biaggio me disse, em contados 5 minutos e 42 segundos, basta pedir cópia pelo Telegram / Whtasapp 71 8202 4340.

Texto e pesquisa de Marko Ajdaric.
 
Material exclusivo do Sindicato dos Médicos da Bahia. Não se autorizam cópias, no todo ou em parte. 



Uma resposta para “DICA CULTURAL: O "PAÍS DOS CARNAVAIS" DE JORGE AMADO, E DO CANDOMBLÉ”

  1. felipe disse:

    Gostei muito do que li aqui no seu site.Estou estudando o assunto,Mas quero agradecer por que seu texto foi muito valido. Obrigado 🙂

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